Todo empreendimento precisa de planejamento e controle; por isso, é fundamental ter atenção a um dos principais pilares: o fluxo de caixa. Se mal administrado, o resultado mais provável é a falência. Em razão disso, uma boa gestão financeira é indispensável para qualquer empreendedor.
Charles Darwin, em “A origem das espécies”, de 1859, disse: “Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças.”. Passados mais de 160 anos, a afirmação vai além da esfera científica e hoje também serve como máxima no mundo corporativo.
Hoje, essa ideia reverbera com mais força ainda por conta de um mundo onde as mudanças ocorrem em um ritmo frenético. A natureza pode ser implacável com os animais, assim como o mercado é com as empresas que não acompanham os acontecimentos.
E se o mundo dos negócios não é uma selva literal, metaforicamente pode ser visto assim, sobretudo o brasileiro, onde quase 8 em cada 10 empresas não chega a 10 anos de existência. Nessa terra selvagem, somente os mais preparados sobrevivem. Qual é o segredo dos que conseguem? Não chega a ser um mistério, mas tudo começa com uma gestão financeira assertiva.
Gestão financeira: a importância do Fluxo de Caixa
Para começar a entender como funciona o fluxo de caixa, o empreendedor precisa ter claro na mente as diferenças entre faturamento e lucro.
Faturamento
Todo dinheiro que entra no negócio é seu, certo? Errado. O faturamento é, sim, o valor que a sua empresa arrecadou ao longo de um intervalo de tempo, porém, parte dele é do governo, que faz os cálculos de acordo com os impostos fiscais referentes às suas atividades.
Lucro
O lucro é o valor que sobra descontados os gastos do faturamento. Há dois tipos:
– Lucro bruto
– Lucro líquido
Lucro bruto
É o faturamento menos os custos variáveis. Como o nome diz, variam conforme o volume produzido ou de vendas, estando sujeitos às oscilações das atividades do seu negócio. Por exemplo, se a sua empresa tem pagamentos por comissão de vendas, esse custo não é fixo.
Lucro líquido
O lucro líquido é o valor final da lucratividade do seu negócio porque é onde você calcula o faturamento excluindo os custos variáveis, fixos e impostos devidos. Custos fixos são, por exemplo, a folha salarial dos funcionários. O que o empreendedor precisa estar atento é que um alto faturamento não é sinônimo de alto lucro.
Agora que você já conhece alguns conceitos importantes, vamos à prática?
A seguir, descubra algumas dicas para melhorar a gestão financeira do seu negócio.
Dicas de gestão de financeira
Como vimos, com os fundamentos em mente que apresentamos no tópico anterior, você, empreendedor, consegue se planejar para o dia a dia.
Mas agora vamos além.
Iremos falar de outras três dicas que são recorrentes em práticas de boa gestão financeira.
1. Planejamento Tributário
Antes de qualquer coisa, você precisa entender em qual regime tributário o seu negócio se encaixa e é através do planejamento tributário que isso é feito. Ele serve para que você consiga, dentro dos trâmites legais, diminuir o pagamento de impostos, algo que deve ser analisado por um contador especializado no assunto. Há quatro tipos de regimes tributários no país. Resumidamente, são:
– Simples Nacional: mais voltado para microempresas e empresas de pequeno porte;
– Lucro real: mais utilizado por empresas multinacionais e de grande porte;
– Lucro Presumido: indicado para empresas com alto lucro e que não são obrigadas a optar pelo lucro real;
– MEI: para o microempreendedor individual, com faturamento de até R$ 81 mil por ano, sem sócios. Neste caso, a única despesa é o pagamento mensal do simples nacional.
Você pode conferir, no site do Sebrae, de forma mais aprofundada sobre cada um deles e os requisitos para cada categoria.
2. Ferramentas de gestão
Estamos vivendo na era da informação. Dados e informações nunca foram tão relevantes como no período atual, especialmente porque uma das características do nosso tempo é a hiperconectividade, onde todos estão conectados constantemente.
Um negócio tende a gerar grande volume de dados; por isso, é crucial contar com uma ferramenta de gestão que auxilie na organização e planejamento, além de acompanhamento em tempo real, sobretudo para alguns setores como o varejo.
Uma das ferramentas mais utilizadas por negócios em todo o mundo é o ERP, um sistema integrado de gestão empresarial que facilita as operações, uma vez que reúne e faz o cruzamento de dados mais relevantes. Softwares de ERP possibilitam acesso instantâneo a essas informações, oferecendo uma gestão mais eficiente, aumento de produtividade e maior segurança nas tomadas de decisões.
3. Indicadores financeiros
Existem diversos indicadores financeiros que um empreendedor precisa entender e acompanhar. Dois merecem atenção especial:
Retorno sobre os investimentos – ROI
Bastante utilizado na área de marketing, o ROI é uma métrica que mede os ganhos a partir dos investimentos feitos. Com esse indicador você pode avaliar com precisão qual é o impacto dos seus gastos em determinadas ações, facilitando o estabelecimento de metas tangíveis. Confira aqui como calcular o ROI.
Retorno sobre os ativos – ROA
O ROA mede a lucratividade de um negócio de acordo com o total de ativos (dinheiro em caixa, contas a receber, estoque, aplicações financeiras, entre outros) que ele possui. Em resumo, é saber quanto dinheiro retorna a cada real investido. Empresas com baixo ROA são as que menos atraem investidores. Entenda como esse cálculo é feito.
Para além da gestão financeira
Como visto, existem boas práticas para manter a saúde financeira de um negócio e muitas outras além dessas, mas a área financeira não deve ser o único ponto de atenção, é preciso zelar por todo o ecossistema. Menosprezar outros fatores também pode ser prejudicial. Um negócio é como um conjunto com diferentes partes que se complementam. Se uma dessas partes não estiver em sintonia com as outras, o conjunto pode se desfaz.
Ter um negócio é ter comprometimento. Não é uma atividade para se aventurar sem um mínimo de preparo e conhecimento. Os que se arriscam dessa maneira são aqueles que acabam engolidos pelas ameaças, mas com planejamento e gestão competente, o ambiente deixa de ser assustador e passa a ser estimulante.
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